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terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ucrânia ameaça restaurar suas forças nucleares

O Ministério da Defesa do Japão anunciou sua intenção de renovar os contatos com as forças armadas russas, suspensos devido à crise ucraniana. Na Europa também se fala da irracionalidade das sanções contra a Rússia, à qual, por sinal, cabe o crédito principal na trégua no Sudeste da Ucrânia. O problema é que em Kiev nem todos estão satisfeitos com esta trégua.


Francamente, alguns na Rússia e em Donbass também acreditam que não valia a pena parar os combates no Sudeste no momento em que as milícias estavam desenvolvendo uma ofensiva bem-sucedida contra as tropas leais a Kiev. Os críticos da trégua observam, e com razão, que as tropas ucranianas irão utilizá-la como da primeira vez, em maio e junho, para reagrupar forças e logo iniciar uma nova ofensiva contra Donetsk e Lugansk. Além disso, um cessar-fogo de verdade nunca chegou: militares ucranianos continuam bombardeios de cidades de Donbass com artilharia e morteiros, matando civis e destruindo a infraestrutura.

No entanto, a trégua também tem vantagens inegáveis. Estão sendo realizadas trocas de prisioneiros. No contexto de redução da intensidade de tiroteios em Donetsk, Lugansk e outras cidades começou o restabelecimento da vida pacífica. A Rússia conseguiu numa atmosfera relativamente calma, embora ao som de gritos do Ocidente sobre a violação da soberania da Ucrânia, enviar para Novorossiya um segundo comboio humanitário, e as pessoas que ficaram sem dinheiro e comida já começaram a receber cestas de comida. Tanto os civis como os milicianos, bem como políticos na Rússia e na Novorossiya, esperam que a atual trégua irá abrir caminho para a conclusão de uma paz duradoura.

Um passo nessa direção foi a adoção ontem pela Suprema Rada, o parlamento da Ucrânia, de uma lei concedendo a Donetsk e Lugansk poderes especiais dentro da Ucrânia. A amarga ironia é que se Kiev tivesse feito isso na primavera, em vez de enviar para o Sudeste tropas para esmagar os “separatistas”, teria salvo milhares de vidas. Mas agora, quando tanto sangue foi derramado, o povo do Sudeste, que considera os políticos de Kiev assassinos, é pouco provável concordar em viver com eles no mesmo país.

Mas a lei sobre o estatuto especial de Donetsk e Lugansk também desagrada a muitos em Kiev. Durante a discussão da lei no parlamento, junto do edifício membros de grupos nacionalistas queimavam pneus e acusavam os deputados de traição. Apesar das enormes perdas que o Exército ucraniano, sob a liderança de comandantes medíocres, sofreu em combates contra as milícias, muitos na Ucrânia querem continuar a guerra até a vitória, ou seja até a liquidação completa dos “separatistas pró-russos”. O fato de que com isso será destruída ou expulsa quase toda a população dessas áreas não preocupa não só o governo ucraniano, mas também uma parte significativa dos ucranianos comuns. E isso não surpreende pois, através de uma propaganda que faria inveja ao próprio Goebbels, eles foram levados a crer que no Sudeste vivem “animais” incapazes de pensar e trabalhar, sem vontade de viver segundo as normas europeias, e, portanto, não merecendo nenhuma piedade nem o direito de existir.

“A Crimeia será ou ucraniana, ou deserta”, diziam ainda na primavera deste ano em Kiev. Não conseguiram. A Crimeia tornou-se russa. Agora os ucranianos estão dispostos a tornar o Sudeste deserto. Kiev não precisa nem da indústria da região, destruída pelo fogo do exército ucraniano, nem da população que nela trabalhava: o gás de xisto nessas áreas poderá ser extraído também por trabalhadores migrantes de regiões ocidentais da Ucrânia ou Polônia.

Kiev está se preparando seriamente para um novo ataque contra Donetsk e Lugansk. Nas regiões centrais da Ucrânia estão apressadamente aumentando a produção de usinas que produzem e reparam equipamentos militares. Diplomatas e políticos ucranianos estão tentando convencer o Ocidente a fornecer armas letais. E o ministro da Defesa ucraniano, Valeri Geletei, ameaçou que, se Kiev não tiver o apoio do Ocidente no conflito armado atual, vai voltar à questão da criação de suas próprias armas nucleares.

Quanto à lei recentemente aprovada concedendo poderes especiais a Donbass e Lugansk, que poderia pelo menos interessar a Novorossiya num diálogo com Kiev, já existem apelos para que seja abolida.


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